Desconforto na hora do sexo pode ser causado por infecção
Relações sexuais nem sempre são sinônimo de prazer. Quando a mulher sente dores freqüentes durante e após a penetração, é sinal de que deve procurar um médico. Segundo especialistas, o incômodo pode estar associado a problemas de saúde ou psicológicos, ou ainda a posições sexuais menos confortáveis.Uma pesquisa de sexualidade realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que ouviu cinco mil ginecologistas, mostrou que cerca de 30% das pacientes reclamam de dores durante a relação sexual ou de falta de desejo.
De acordo com os médicos ouvidos pela reportagem, as dores, conhecidas no meio médico como dispareunia, podem ser classificadas como superficiais e profundas.
A intensidade pode variar de um leve desconforto até uma dor aguda. Uma alergia geralmente causa ardência e é mais superficial. Se a mulher sente uma forte dor, uma das possibilidades é a presença de uma infecção profunda, no colo do útero. A análise do médico é importante para avaliar cada caso afirma o professor de ginecologia da Uerj Paulo Gallo, especialista em reprodução humana.
Muitos casos de irritação podem estar ligados à candidíase
O ginecologista Marco Aurélio de Oliveira, chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, explica que muitas vezes o incômodo pode estar ligado à candidíase provocada por um fungo presente na vagina que causa corrimento, irritação e coceira. A cândida desequilibra a flora vaginal, tornando mais fácil a contaminação por outros germes. A mulher normalmente possui o fungo no organismo, mas, quando desencadeia a crise, não se sente confortável para fazer sexo. Deve tratar antes de recomeçar a ter relações diz Oliveira.
De acordo com os médicos, a falta de lubrificação do canal vaginal também pode desencadear a ardência.
A camisinha lubrificada é uma boa opção para evitar um maior atrito. Algumas mulheres reclamam da posição de quatro. É normal que haja um pequeno incômodo, porque o pênis pode encostar na parede do útero. Mas, se a dor for mais forte, é possível que haja alguma lesão explica o doutor Gallo.
Os médicos destacam que o tamanho do canal vaginal é elástico e pode variar entre oito e 16 centímetros. Segundo eles, se o tamanho do pênis for mais avantajado, a relação sexual pode causar sangramento se feita de forma muito brusca.
É importante que o casal dialogue. Se a mulher sente dores, deve relatar isso ao companheiro e buscar ajuda médica afirma Oliveira.
Causas mais freqüentes de dor na hora da transa
Infecções da vulva e da vagina: incluem uma simples leucorréia (corrimento vaginal) causadas por bactérias, fungos (candidíase), flagelados ou outros microorganismos, e podem ter origem alérgica.Tumores da vulva e da vagina: os benignos (bartholinites), cistos glandulares e os malignos.
Patologias pélvicas: endometriose (o tecido do endométrio, que sai na menstruação, às vezes pode formar um nódulo no fundo da vagina), doença inflamatória pélvica (DIP), aderências pélvicas, infecções nas trompas e ovários (anexites), tumores pélvicos benignos e malignos, adenomioses (tecido do endométrio que entre no músculo), etc.
Doenças do aparelho urinário: as cistites são as mais freqüentes.
Lesões dermatológicas na região genital: piodermites, herpes genital e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), psoríase, etc.
Traumatismos na vulva ou na vagina: incluem cicatrizes de cirurgias complicadas ou seqüelas de acidente.
Alterações de trofismo dos genitais: causada pela deficiência estrogênica do climatérico, por fatores hormonais no pós-parto e durante a amamentação.
Problema de origem emocional/psicológica: vaginismo. Causa a contratura dos músculos que circundam a vagina, dificultando a penetração.
Falta de lubrificação: a menopausa pode deixar a vagina menos elástica e com diminuição na lubrificação.